LEMBRANÇAS DELA
Quando eu me pego pensando num problema,eu me lembro dela, dos conselhos dela.
E começo a sorrir!
Penso nas dobras do tempo, seus fatos e personagens, e os que fizeram, por mim,as trocas boas ou ruins.
Com ela foi diferente. Eu ainda nem era gente, nem tinha nada pra dar, muito menos a trocar.
Mas se sei alguma coisa, foi da voz que veio dela.
E eu falava assim, não sei muito bem, não sei se entendi.
Por isso, hoje acredito que todo ser humano precisa se construir no dia a dia.
E que não basta nascer em bom ambiente para se ter um bom caráter ou uma boa personalidade.
Penso que, a personalidade é composta por traços do comportamento como ousadia ou timidez.
Ser agressivo ou pacato, ser sério ou brincalhão, é possível notar quando se é criança.
E isso pode mudar. O caráter, não! Esse realmente diferencia os seres humanos entre melhores e piores.
Entre os que ajudam, e os que destroem.
Entre os que vivem com os outros e aqueles que vivem em si.
O caráter, então, é o conjunto de valores que identifica a moral e que determina, enfim,se a pessoa será confiável ou não!
Sinceridade, lealdade, honestidade,bondade, caridade e humildade.
A personalidade pode parecer forte, mas a moral pode ser muito fraca.
Uma pessoa pode ser determinada , conseguir seus objetivos e aos olhos dos outros parecer uma vencedora. Mas, isso nem sempre é verdade.
O sucesso não a torna, necessariamente, uma vencedora pessoal,já que só ela sabe as armas e os recursos usados na sua batalha.
Se isso não conta, se não faz diferença, mais tarde, na intimidade, certamente, fará!
Acredito na sinceridade, e que ninguém pode dizer que é melhor que os outros, dizendo.
É preciso se expor. E aí, é preciso ser sincero.
A competição social pode até impedir que seja absolutamente sincero.
Mas, usar a mentira como forma de defesa corrói a própria defesa,como será mostrado um dia.
Acredito na lealdade. E que ninguém pode viver sozinho e, ainda assim, ser feliz. É preciso se unir.
E aí,é preciso oferecer para ter, ceder para crescer.
É preciso oferecer segurança como “pode contar comigo”
e oferecer discrição como “pode-se abrir comigo”
É preciso ser leal a quem lhe confiou algo íntimo.
Acredito na honestidade absoluta!
E que ninguém pode relacionar-se com alguém se não estabelecer,bilateralmente, regras para esse relacionamento lutando para cumpri-las!
Viver ao lado de outro não fazendo a sua parte é desonesto!
Acredito na bondade. E que ninguém pode viver amargurado!
É preciso solucionar problemas que afligem a alma.
É preciso ter coragem para aceitar e retroceder quando preciso.
É preciso estar limpo, desarmado, com o coração livre da inveja e da arrogância para solucionar os problemas da alma.
Acredito na caridade. E que ninguém pode se omitir na carência do próximo.
A necessidade pode vir para qualquer um.
Repartir um pouco da sobra, ou mesmo quando não sobra, é quase que necessário.
Faz bem, aliás, muito bem. Acrescenta paz ao espírito.
Acredito na humildade. E que ninguém sabe tudo.
O maior ignorante sempre terá algo para ensinar.
Assim, é preciso ter bom caráter para conviver com a própria personalidade.
Acredito que posso ser feliz, sem me preocupar em ser feliz.
Acredito que, às vezes, não consigo ser feliz,porque não acredito que ser felizpossa ser tão simples assim.
Acredito, pois, que tenho por hábito, complicar o simples.
Acredito que complico o simples recuando, retrucando, contestando.
Acho que não acredito no simples porque não quero ser o simples que sou.
Acredito no amor! Mas, sei que não tenho o amor,ou quem possa me amar,
só porque não tenho a paciência para esperar o amor se formar.
Porque desejar não é amar. Sentir a falta,não é amar.
Tolerar, compreender, perdoar, não é amar. É do corpo, é apenas paixão!
É apenas desejar, querer, tolerar, compreender, passear, até perdoar.
Sei que não se ama sozinho, que só é possível amar a dois.
E sei que amor é um resíduo bom, de tempos ruins com momentos bons.
E por isso, é preciso o tempo. muito, muito tempo fermentando esses momentos.
E só os sobreviventes, com essas marcas do tempo, pelo corpo e pela alma,ainda de mãos dadas, ruminando esses momentos, podem afirmar o amor.
O resto são fases. Fases do amor; mas apenas fases.
Acredito no simbolismo que provoca a união; numa bandeira, num escudo ou num brasão.
No simbolismo de Cristo ou do Corão.
No simbolismo do himem que Deus colocou em sua melhor criação por uma razão que me foge a razão. Mas,por certo, ligada a preservação da moral.
Acredito que, às vezes, confundo tudo e troco carinho por agressão, ação pela indolência,
justiça por punição, e ainda penso estar certo!
As vezes, minto e engano,e me engano, enganando. E às vezes, desconsidero,não dou importância mesmo. E ainda assim, penso estar certo, mesmo.
Outras vezes sei que sou bastante correto, extremamente coerente, tranquilo, sóbrio, sereno, e me imagino diferente de alguém que possa prejudicar alguém. Mas, prejudico.
Frustro expectativas sem me dar conta.
Acredito que sou peça de um conjunto, parte de uma família. E que só me entenderei se conhecer toda a família. Mas, arrogante demais, não procuro a família.
Acredito que as pessoas são iguais. Não, absolutamente iguais, visto que diferem sempre
na escala de valores onde, estes sim, são iguais.
Somos igualmente invejosos, diferimos apenas no ponto da escala.
Somos igualmente caridosos, diferimos apenas no ponto da escala.
Por isso somos diferentemente iguais, diferimos apenas no ponto da escala.
Escala que parece uma mesa de som, equalizadora, cheia de botões, que podem ser movimentados por nós mesmos para menos ou para mais. Apenas isso nos difere.
Ora estamos ansiosos, ora estamos equilibrados, ora estamos deprimidos, ora estamos entusiasmados, ora estamos confiantes, ora estamos desanimados.
Por isso, saber em que ponto da escala está a outra pessoa faz da relação, essa enorme interrogação.
Honestidade |
2 |
3 |
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5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
Lealdade |
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Sinceridade |
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Confiabilidade |
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Amabilidade |
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Caridade |
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etc |
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etc |
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Qual o seu ponto na escala?
É preciso, então, criar situação, esperar reação, poder conhecer a posição de cada valor na escala. Aí, é preciso saber da tua posição e buscar adequação.
Qualquer relação só dará certo se existir a complementação para cada um de nós.
Se isso eu não fizer vou ocupar espaço, às vezes indivisível,às vezes, desnecessário.
Aí, vou agredir, melindrar, exigir tolerância, incomodar, só por desconhecer a outra parte
que pretendo amar.
Acredito que existe também a escala negativa.Quanto mais se abaixa na escala
mais próximo eu fico do oposto.
Se na escala “Alegria” eu estou no ponto 3 na verdade estou no ponto 7 da escala “Tristeza”.
A recíproca, ali,é muito verdadeira.
Se estou honesto ponto 8 é porque estou desonesto ponto 2.
Acredito que existam fatores que me colocam naquele ponto naquele momento,
e que é preciso, identificar esses fatores.
Acredito também que sou uma trindade composta por instinto, razão e sabedoria.
E que, atualmente, sou muito mais instinto do que razão.
Acredito que o instinto é, basicamente, composto por valores da sobrevivência.
Sei que são valores esteticamente feios, muitas vezes, condenáveis;mas, necessários a sobrevivência . Mentir no dia a dia, desconsiderar ou ignorar alguém. Fofocar para subir, esconder-se para não assumir, sorrir sem vontade.
Acredito, por isso mesmo, que a linha divisória entre o instinto e a razão é tênue!
Quase imperceptível e por isso confunde os valores que por ali trafegam.
No entanto, quando a razão está limpa,quando se tem a certeza do certo,mais me aproximo da sabedoria.Mais e mais sou menos afetado pelas sensações do instinto,pelas descargas de hormônios, enzimas e toxinas, que alteram meu equilíbrio.
E aí, posso beber da vida.
Olhar, só ver o melhor,e sentir minha alma em mim.
Sei que não se pode querer ser sábio e que quase a totalidade da humanidade
morre sem sequer chegar perto.
Sei que só se pode ser sábio secando os instintos e domando a razão,que é a forma educada dos instintos. Sei que o sábio não se preocupa com a intenção de ser sábio.
Presumo que a sabedoria seja a ausência da auto piedade,a ausência da maldade,a ausência da carência.
Mas,como eu gostaria da sensação de não ser afetado pela emoção dos outros.
Como eu gostaria de não sofrer por atitudes dos outros.
Mas,
acredito que devo buscar a isenção da emoção dos outros.
Acredito nisso
paz
sexo ciúme fome inveja rancor mágoa medo ódio agressividade ganância etc etc etc etc etc etc
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lealdade disposição responsabilidade
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humor
inteligência gentileza
competência calma
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fé
Acredito nesse objetivo de vida, buscar a paz!
como acredito que se o outro não pensar assim a minha vida ficará mais difícil.
Por isso, só serei feliz se o povo todo pensar assim.
Por isso, acredito na sociedade organizada falante, curiosa, participativa,
opinante, decidindo cada regra a lhe ser imposta.
Acredito que estamos em algum ponto da história com muito por descobrir
buscando evolução.
Acredito que a evolução só se fará se vozes sensatas se fizerem ouvir.
Mas, sei que se pode regredir.
Acredito também que o tempo é um grande aliado de quem o compreende.
Mas, também é um grande carrasco de quem o desdenha.
Acredito em muitas coisas definitivas, como a morte.
Acredito que mais coisas não são ainda definitivas, mas o serão um dia..
Mas, sei quem foi definitiva em minha vida.
Quem me ensinou que a vida deveria ser vivida e não enfrentada diariamente.
Quem me disse quem sou e o que eu poderia ser se eu não fugisse de mim.
Quem me explicou os mistérios das coisas mal entendidas.
E quem me fez melhor do que eu teria sido se eu não a tivesse conhecido.
Lembrança muito linda, o seu nome; Carmelinda, minha primeira professora!
Lembro de minha mãe contando sobre a escola; reguadas na cabeça, puxões de orelha,
castigo em pé no canto.
O terror estava lá, nos meus sete anos.
A escola era, então, mais um medo em mim.
Quando cruzei o portão comecei a chorar, entrei na minha “classe”, queria urinar em mim.
E então, ela falou!
Falou como uma música fala das coisas de Deus, de coisas bonitas.
O silêncio fez silêncio e todo o terror foi se dissipando.
Todo o meu medo se fez sorrisos e o mundo abriu seus braços pra mim.
Minha primeira professora!
Foi minha guia, mais importante que tudo, até que pai e mãe.
Foi minha primeira namorada, minha fada encantada, minha lembrança mais pura.
Porque todos que encontrei depois não foram tão importantes
como minha primeira professora?
Walter Itajubá