Educação – E você, tem alguma idéia para o Brasil?

DSC07559Meu primeiro contato com a infraestrutura do sistema educacional brasileiro foi em 1966 quando vendi equipamentos para o Centro Pedagógico de Estudos e Recursos Audiovisuais, na Rua Bela Cintra 133, Bela Vista,  São Paulo SP. Trabalhei com os professores Arsênio e Antonio Carlos Moral e nosso foco eram as faculdades de filosofia, ciências e letras.

Não tinha setor definido e acabei indo até  Manaus e Salvador, aumentando o deslumbramento e a prepotência de meus parcos e mirrados 20 anos. Afinal tinha cursado o científico e sido presidente do Grêmio Militar Duque de Caxias, no ano anterior, na CCS do 4º. Regimento de Infantaria em Quitaúna, Osasco, SP. 

Cheio de moral, vendi muito e aprendi a montar laboratórios de ciências. Saí temporariamente da área,  pois com a interferência de um “amigo” do quartel  fui trabalhar  na fronteira brasileira com o Paraguai e Bolívia vendendo soro contra picadas de cobras no estado do Mato Grosso (ainda não era dividido) e nos territórios do Acre e Rondônia ( ainda não eram estados).  Vendi nas farmácias das cidades e quartéis e nas sedes de fazendas e bolichos nas margens do rio Madeira.  E esse meu “amigo” queria apenas saber de “movimentações estranhas” na fronteira.

 Antes de completar dois anos, cansado e sem ter podido atender o meu “amigo”, voltei a São Paulo e retomei  as vendas na área de laboratório, desta vez,  clínicos. Trabalhei na Celm, Companhia Equipadora de Laboratórios Modernos, a  melhor do ramo na época e na Micronal, empresa suíça  que me ensinou o significado da palavra “qualidade”. Meu trabalho era, basicamente vender e instalar os equipamentos.  

Assim, microscópios, espectrofotômetros, balanças analíticas, fotômetros de chama, eletroforeses, entre outros, eram aparelhos que deviam ser  vendidos, instalados e postos a funcionar sem a menor possibilidade de erros.  Era uma época de grandes transformações na área diagnóstica e substituíam-se, não só equipamentos, mas métodos e tecnologias. 

Ainda “peguei” o tempo em que se fazia o diagnóstico de gravidez inserindo urina da mulher pretensamente grávida em coelha ou no sapo Buffo.  E outras técnicas que hoje produzem sorrisos e arrepios.  

Nas empresas em que trabalhei, meus instrutores (suíços, sul africanos, japoneses e até, vietnamitas, cada qual no seu ramo) regularmente forneciam as informações. A Micronal, além do treinamento prático, editava uma publicação interna chamada Meios e Métodos que complementava a formação já que , do meu trabalho dependia o resultado do exame no laboratório.

Tinha que treinar, não só o técnico que iria manipular o aparelho, mas todos os que, de alguma forma, dependessem dele. Até o pessoal da limpeza merecia algumas informações.

 De repente, percebi que tinha aprendido a ensinar, de verdade. O conhecimento que eu tinha em minha mente eu conseguia transferir para outras pessoas, mesmo que essas pessoas tivessem níveis culturais diferentes.

Hoje, em um comercial na televisão, acompanho os esforços do governo para melhorar a educação e a locutora pergunta “ E você, tem alguma ideia para o Brasil?”

Humildemente, posso dizer que tenho.

De 66 a 79 trabalhei como empregado. Em 79 abri minha empresas de assistência técnica a equipamentos de laboratórios que funcionou a pleno vapor até 94, quando parei deixando o mercado para meu filho.

Em 95 voltei à área de comunicação fazendo rádio e TV e a pedido da professora Heloise Helena, até hoje diretora da Escola Ernesto Monte, em Bauru, montei um curso de formação de monitores para laboratórios de ciências.

Repeti o curso, desenvolvendo uma metodologia própria,  alguns meses depois e o ministrei em 197 (cento e noventa e sete) escolas do interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.

O último curso foi em 2005 com o ATP de ciências da Diretoria de Ensino de Bauru, prof Helder Sávio, para alunos de 11 escolas, encerrado com uma exposição de equipamentos usados em laboratórios do setor sucro-alcooleiro, do meu amigo Antenor Marconi, da empresa Tecnal de Piracicaba, SP.

Em 2006, mudei o ramo de atividade e passei a trabalhar com produção de vídeos e programas para TV. 

Mas, no final de 2011, o professor Helder, agora no setor de manutenção da Diretoria  de Ensino de Bauru me pediu que remontasse o curso para ser mostrado ao deputado Pedro Tobias, que havia dito que este seria  seu último mandato e que o mesmo seria  voltado para a educação. Seria, talvez, a única forma da metodologia dar certo, já que seu grande empecilho é a formação do professor.

Montei e apliquei, resumidamente, neste ano de 2012 na escola Ernesto Monte, com a professora Sandra Viotto. Mas, por razões diversas,  não conseguimos mostrar ao deputado.

Em todas as escolas, diziam que tudo funcionava muito bem, enquanto eu estivesse na escola. Quando eu saia, tudo acabava,

 O curso tinha a duração de três meses, com 12 sessões de treinamento de duas horas cada  ( sendo uma por semana) e durante o intervalo entre uma e outra, os alunos ( até 20, de 7ª. Serie a 2º. Ano) deveriam executar as tarefas programadas.

Cheguei a fazer 5 cidades por dia e eu não cobrava nada pelo curso. Bastava que eu pegasse um serviço de manutenção nos equipamentos da escola e, como bônus (mesmo) eu aplicava o curso. 

Tenho em Bauru, professores que, quando ainda alunos, fizeram o curso e dizem que alterei suas vidas. Acredito neles. Era minha intenção.

Agora, porque toda essa estória contada acima? É apenas para justificar as próximas postagem neste blog.

Vou detalhar o curso, agora um curso de comunicação para professores não só para ciências, mas para ser aplicado em qualquer disciplina. É só seguir.

No próximo post, o plano de curso.