Crônicas das 100 Cidades – Santa Cruz do Rio Pardo

Gosto de andar. Caminhar me faz sentir meu corpo, minha mente e meu espírito. Percebo vidas em transição, consigo enquadrar, e fotografar com meus olhos, pequenos quadros compostos por coisas e pessoas. E por alguns momentos senti-las estáticas para minha humilde contemplação. Respiro melhor, canto canções que havia esquecido e me sinto ligeiramente maior. Mas, impossível não sentir uma breve e significativa irritação com o passeio público. As calçadas conseguem, as vezes, quebrar o encanto de uma pequena ilusão criada por um olhar dela, ou daquela, mais linda ainda, que passou por mim. São degraus, rampas, valetas, buracos, caixas, canteiros, postes grandes, postes pequenos, lixeiras, placas, bancas e barracas e seus vendedores. E olham-me como se eu os atrapalhasse, já que não compro piratarias. E, para quem gosta de andar, fazendo disso um exercicio físico, não há nada pior do que calçada inclinada por vários e vários metros. Em Bauru, na Avenida Nuno de Assis há centenas de metros de calçadas inclinadas; uma rampa só. Quando caminho e me aproximo de um posto de combustível chego a passar por dentro dele. Evito a calçada. É mais seguro e mais confortável. Viajando, cheguei a Santa Cruz do Rio Pardo.

Primeiramente me encantei com os casarões que nem os moradores percebem, depois me encantei com uma idéia posta em prática que deveria ser comum. O posto de gasolina fez um portão de entrada e um de saída. Ficou mais bonito, mais seguro e mais preocupado com a cidadania. Poderiam, por favor, pensar nisso?