Ah!
Ah; se eu pudesse
seria o hálito morno
que combate a brisa que te arrepia
nas manhãs frias de inverno.
Ah, se eu pudesse
seria a brisa que te refresca
nas tardes quentes do verão.
Ah, se eu pudesse
seria o azul degradé
das asas da borboleta
que te emociona ao voar
por sobre as rosas vermelhas
do teu jardim;
Ah; eu seria o vermelho vivo das rosas
que atraem a borboleta azul
ao teu jardim.
Ah, se eu pudesse
Seria a nuvem branca
Enorme e disforme
No céu azul
Que se transforma
E toma a forma
do bichinho de pelúcia
Que você tanto quer
Ah; eu seria a sensação
daquele toque macio
do bicho de pelúcia
que você tanto quer!
Ah, se eu pudesse;
seria o som do violino,
o toque do clarim,
trompas, fagotes, oboés,
o troar dos tambores,
as notas do piano
de mãos dadas
a te pedir regência
para a mais bela sinfonia.
Ah, Se eu pudesse
seria o canto que te encanta,
a luz que te aquece,
o fogo que consome
teus medos.
Ah, se eu pudesse;
eu seria tua fome suicida,
tua sede suicida,
tua carência suicida
e me mataria mil e mil vezes
para que você
não me sentisse.
Ah, Se eu pudesse
Seria tua proteção, tua benção,
tua oração na luta
contra o dragão do mal
Ah, se eu pudesse;
eu seria teu maior prazer,
tua satisfação,
teu orgasmo
que se inicia como chuva fina
impessoal, calor,
temporal,
raios, trovões, vendaval,
água lavando a montanha, abaixo,
até o riacho que, afinal,
corre manso
sob o sol.
Ah, se eu pudesse;
seria teu sonho mais simples,
teu desejo mais obscuro,
teu sucesso,
tua paz.
Seria teu filme preferido,
teu alimento,
tua vontade de viver
Ah, se eu pudesse
eu seria a palavra a ser dita.
Eu seria a palavra bendita
que te faria crer em você.
Ah, se eu pudesse
fazer você perceber
que eu sou um homem simples
e você é uma mulher complexa
que não consegue amar
porque não sabe separar
tua maravilhosa alma
de teus inquietantes hormônios!
Walter Itajubá