Marco Temporal? Uma Releitura

Sou neto de uma índia Bororo, da região do pantanal mato-grossense. Ela se casou com um espanhol, Francisco Villares que foi vice-cônsul da Espanha em Corumbá, MS. Eu me lembro dela e de sua voz calma, que transmitia sua pacificidade. Vivi, como vendedor viajante, por muitos anos naquela região pantaneira e no sul do estado e vi a degradação da vida cultural de várias etnias indígenas, com o avanço da ganância por terras para gado e depois por causa da chegada da soja e do trigo. Com isso não foi só a vida cultural que se foi, mas a vida física contaminou-se com doenças desconhecidas e hábitos viciantes, fatais. Às minhas vistas foi esse o meu holocausto; uma matança invisível porque não interessava a ninguém noticiar. Matança mesmo, chacinas em aldeias inteiras que nunca ninguém ficou sabendo, praticada por assassinos de aluguel a mando de “fazendeiros” que se julgavam ungidos por um direito divino de ter a terra porque poderiam produzir riquezas para a nação brasileira. Morando em Bauru e desenvolvendo o projeto cultural denominado Identidade Cultural da Região de Bauru para o Instituto Yauaretê, ouvi estórias escabrosas e aterrorizantes sobre a limpeza étnica para a construção da ferrovia Bauru Corumbá. Soube de práticas absurdas praticadas pelo Capitão Assis e seus milicianos para a abertura do centro oeste paulista quando um mineiro, Antônio de Souza, ganhou uma sesmaria de D. Pedro II, que ia de Botucatu até o Rio Paraná; e do Rio Tietê até o Rio Paranapanema. A chacina foi tão rápida e violenta que foi sugerido aos milicianos que não gastassem munição com os “miúdos”. Bastaria apenas pegá-los pelas pernas e bater suas cabeças em troncos de árvores. Este texto está em um museu de um convento da região de Assis.  Hoje, ouço uma pessoa transitória do governo, paga pelo dinheiro de quem realmente produz, dizer que é um absurdo os indígenas brasileiros terem 14% de todo o Brasil. Catorze por cento!!!! Devia ser 100%%. Os 86% foram tomados pelos invasores e suas famílias italianas e portuguesas e, em menor número, árabes, espanholas, japonesas. Sem citar a crueldade praticada contra os africanos, que como os indígenas, são igualmente explorados e humilhados até hoje. Invasores que  depredam, derrubam, esgotam e vão abrir outras fronteiras agrícolas sob aplausos da elite governante. Ora essa, mais respeito com a terra que os recebeu. Eu devia ter entre cinco e seis anos quando ouvi uma frase de minha avó Manola, cujo sentido só fui perceber recentemente. Ela dizia que somos todos iguais, que, no fim, o bicho vai comer todos. Sei, agora que o bicho a que ela se referia é o maior predador da natureza; o germe. Vírus e bactérias. Do que adianta o resto?

Concurso Público Federal e Estadual

É um concurso público onde você não precisa ser formado em nada, não precisa comprovar conhecimento da função e, ainda, terá muitos auxiliares para cumprir essa função. Se não cumprir, também não tem importância. Ninguém vai lhe cobrar eficiência nem resultados, por pelo menos, 4 anos.

Em uma dessas funções você terá 8 anos recebendo um salário várias vezes o valor do salário mínimo e, ainda acrescido de muitos benefícios.  em dinheiro mesmo. Em todas as funções, a remuneração é muito atraente.

Candidate-se.

As provas são em outubro de 2018 mas você  nem terá que ir no local da prova, se você não quiser. São as eleições de 2018. Se não der, não desanime, a cada dois anos, haverá uma nova oportunidade.

Ano passado, pela primeira vez,  fui fiscal em um concurso público. Era da área da saúde e muitos enfermeiros e técnicos estavam tentando uma vaga no serviço público estadual. Isso aconteceu em uma escola pública, em dois períodos, isto quer dizer, duas enormes turmas de esperançosos. Fiquei sabendo que pela manhã, já havia acontecido um outro concurso, também da área da saúde, para outras posições em outra escola pública também.Isso possibilitou a participação de muitos candidatos nas duas provas. Percebi muitos jovens, adultos, muitas senhoras, apresentando o quadro típico de quem está sendo submetido, não só,  a uma prova intelectual,  mas também emocional. Vi que, por no mínimo uma hora e no máximo quatro horas, aquelas pessoas se debruçaram sobre questões e tentaram solucioná-las. A busca pela estabilidade profissional e, provavelmente, por melhores salários fizeram com que essas pessoas estudassem antes durante muito tempo o que estava previsto ser perguntado. Justo e normal. O processo seletivo é democrático e permite escolher as pessoas que vão servir a comunidade que gera a renda que vai pagá-las.

Que gera a renda, que vai pagá-los!!!

Mas, e os políticos? Não deveriam eles serem submetidos a um processo seletivo real? Ou você acredita que uma eleição é um processo seletivo real? No mínimo, o candidato a vereador deveria conhecer, e provar isso, o regimento interno de uma câmara e todas as leis municipais. O candidato a deputado estadual e a federal, e os senadores também, em seus níveis, obviamente. E os candidatos a cargos executivos deveriam, no mínimo terem passado por um cargo legislativo.

O judiciário já tem varias etapas a serem cumpridas para a carreira, começando pelo exame da OAB.

Mas o legislador público deve ser melhor sabatinado, frequentar cursos preparatórios e demonstrar, antes de ter sua inscrição aceita, que está preparado técnica e moralmente, para trabalhar no serviço público. Quem examina? Ora, pode ser uma comissão do judiciário, isenta e conhecida. Pode ser um conselho comunitário formado por lideranças de todas as regiões da cidade, etc.

Sei que este post não vai alterar nada, mas não vivem dizendo, “a vida não é justa”?

Porque será?